terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma nova geração de velha guarda


Não sei se vocês vem acompanhando as críticas ao comportamento exageradamente infantil de alguns adolescentes, cujos alvos principais são os cantores ditos "pop", tanto os internacionais (como o Justin Bieber) quanto os nacionais (como as bandas Cine e Restart).
Não vou aqui acusar nem defender ninguém, vou apenas constatar um fato. O fato de que o comportamento em massa tem se apropriado dessa geração de adolescentes que parece precisar mais de aceitação do que as anteriores. Sim, porque todos nós, e nossos pais, e nossos avós passamos por essa fase em que os amigos são os juízes de cada comportamento, e em que o agir diferente pode tanto ser o motivo de uma dita "popularidade " quanto o de um "exílio social".
Mas tanta gente já comentou sobre isso, tanta gente já twittou e postou sobre isso, que o assunto (embora não tenha se esgotado) está saturado, pelo menos pra mim.

Então, eu resolvi falar (mais uma vez) sobre um movimento contrário que não posso também afirmar ser certo ou errado, posso apenas constatar que tomei conhecimento dele.
Em minhas incursões internáuticas acabei dando de cara com uma comunidade interessante de leitores e incentivadores da leitura.

Quem conhece o Skoob, ou o Clube do Livro, ou o Meia Palavra, ou tantos outros do gênero, sabe do que eu estou falando.
São pessoas que discutem tanto clássicos atemporais quanto os novos bestsellers que, por sua vez, vem despertando os jovens aos prazeres da leitura - mesmo que muitas vezes eles prefiram assistir o filme baseado no romance a ler a história de fato.
Descobrir esse novo nicho, esse underground literário, me deixou feliz (Olha!! Minha espécie não está mais em extinção!!) mas algumas observações recentes me levaram a pensar que um outro extremo vem se formando.

O purismo literário juvenil, como eu gosto de chamar, ou a Nova Velha guarda.

Vou explicar: trata-se de um grupo de jovens que se afeiçoou mais à forma que ao conteúdo, uma oposição exagerada aos modismos recentes. São jovens que economizam pra comprar uma edição de luxo daquele livro que eles já tem na versão capa original, só pra completar uma coleção, só pela posse (porque são tão preciosos que emprestá-los está fora de cogitação)
O desejo não é, como no caso dos leitores saudáveis, o conhecimento, ou a diversão propiciada pela leitura, ou até mesmo o prazer de ver seus amigos lendo o mesmo que você para discutirem depois.
É mais uma necessidade de auto-afirmação, tanto quanto gostar das bandinhas coloridas.
Quando seus livros viram um bem comprado, ao invés de um mundo de sonhos, o prazer da leitura acaba, as amizades maravilhosas que a leitura nos presenteia não surgem, jovens se tornam tão quadrados e rígidos quanto a geração que os precedeu.
Não, eu não gosto das bandinhas coloridas, mas também não "sinto coceiras só de ver uma edição sem orelha ou capa dura". Eu adoro meus livros, e tomo todo cuidado com eles, mas não me recuso a emprestá-los e compartilhar a magia de cada um deles com quem desejar.
Sim, eu me delicio pelas promoções do Submarino, e pego livros na biblioteca, não importa o quão velhos ou quão despedaçadas suas capas estão. Sim, eu preencho minha estante do Skoob, mas me divirto no processo, não olho com superioridade para aqueles cujas estantes não possuem Kant ou Sheakspeare...

Só queria alertar a quem me lê para que nós não incorramos no erro de, tentando nos opor a uma geração de modismos e infantilidade, nos tornemos antiquados e envelhecidos, em plena juventude.

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