terça-feira, 30 de março de 2010

Recebi por e-mail e achei tão forte, tão real, e tão atual.. infelizmente.

*"O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO" *
*José Antônio Oliveira de Resende*
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de
Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.


"Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando
a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum
conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente,
à noite.

Ninguém avisava nada, o costume era chegar de pára-quedas mesmo. E os donos
da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se
apresentando, um por um.

*– **Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.***

E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos
meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.

*– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!*

A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha
mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num
mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na
parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de
centro... Casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.

Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que
era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo
benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas

– e dizia:

*– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.*

Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães,
bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... Tudo sobre a mesa.

Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.

Pra quê televisão? Pra quê rua? Pra quê droga? A vida estava ali, no riso,
no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando
eternidade nos momentos que acabam.... Era a vida transbordando
simplicidade, alegria e amizade...

Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a
esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas
vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela
acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração
em festa... A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos,
a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... Até que sumissem no
horizonte da noite.

O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão,
vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe
mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:

*– Vamos marcar uma saída!...* – ninguém quer entrar mais.

Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem
mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde
perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.

Casas trancadas.. Pra quê abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança
do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos
biscoitos, do leite...

Que saudade do compadre e da comadre!"

segunda-feira, 29 de março de 2010

Serenity

Serenity

às vezes, é bom sentir essa paz estranha e relaxante de quando passa de meia-noite.

O ar parece mais leve, talvez pq menos pessoas estejam enchendo-o de tolices.
SEmpre sopra uma brisa mais fresca, e as coisas parecem mais fáceis á meia-noite, mais simples.

A luz azulada que a tela do computador lança sobre o teclado é paz também.
Da cor de paz que mais me encanta...
Não o branco imaculado que ofusca os olhos,
mas o azul suave que acalma.
Um céu sem nuvens,
o manto de Maria, o mar....

Meu coração parece pulsar mais alto, mais vivo,
mas ainda assim com batidas lentas, ritmadas.

Há som no silêncio (fora as marteladas de meus dedos no teclado e um ocasional carro de som na rua)
Há som no ar que passa,
na luz que se apaga,
no vento que sopra em meu rosto,
nos meus cílios se encontrando em cada piscar...

Há som nas estrelas,
no ressonar dos meus pais no quarto ao lado,
e há musica no balbuciar de pessoas em suas casas,
talvez dormindo,
talvez conversando,
talvez sonhando

Há som no luar e nas nuvens, tudo é som,
e paz,
e calma,
e serenidade.


Tudo é leve e fácil.
O ar é fresco e eu acho q posso flutuar.

E há música nos objetos que descansam ou despertam
As folhas das árvores sussurram
E há poesia nas folhas
E há poesia no som

e há som em mim.

terça-feira, 2 de março de 2010

"Ninguém mais tem direito de comprar livros da editora Landmark. Ela deve falir, e sua sede deve ser salgada para que nada mais seja plantado naquele solo amaldiçoado."

Celso Rocha de Barros (Blog: Na prática, a teoria é outra)

Dos muitos posts de bloggueiros sobre o caso Denise Bottmann, um dos mais humorados.
(Humor negro nesse caso, que a história não é brincadeira..)
Uma crônica em cordel pra quem se interessar... Verdadeira, de fato.


BIG BROTHER BRASIL

Autor: Antonio Barreto,

Cordelista natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.

Curtir
o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.



Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.


Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual..

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2010.