segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Only if you read...

Hoje minha vontade era a de ficar o dia inteiro na cama. Nem quis ir ao frances, que eu amo. Na verdade, não queria ver pessoas hoje. Acho que preciso urgentemente de férias daquele tipo em que a gente fica com tédio de não fazer absolutamente nada.
Quem diria que a menina da agenda cheia ia querer dias tediosos.... mas eles eram os meus bem produtivos, naquele finzinho de ferias em que a gente anseia pelas aulas e fica inventando coisas estupidas pra fazer em casa... Foi assim que eu comecei a desenhar com cursos da internet, a fazer mosaicos, o belo ócio produtivo.

Mas, como eu fiquei o dia inteiro na cama, li inteirinho o livro que o Mau me emprestou na ultima gathering. (recurso textual de jogar pessoas e palavras que fazem sentido pra mim em um texto em que nao farão sentido para as pessoas em geral. Ou não. ninguém lê isso, anyways.)

Bom livro, na verdade, não tenho opinião formada sobre ele. Ou talvez tenha. Min é meio arrogante com suas citações pretensiosas de filmes que eu não vi, que fazem sentido pra ela mas me deixam sempre a margem de algo, achando que entendi as comparações mas sentindo que algo me escapa pelos dedos. E eu a entendo e tenho raiva dela, tão parecida comigo que me enoja. Ela e sua mania de contar toda boba sobre a história do seu nome e tudo mais.

E fiquei assim, com essa sensação estranha de muitas palavras dentro da boca, em um espaço pequeno, e não dá pra mastigar o suficiente pra engolir, nem tem como cuspir, como daquela vez em que eu estava no carro de uma vizinha subindo ladeiras e ladeiras e fiquei enjoada e comecei a vomitar, mas fechei a boca com força e as duas mãos pq nao queria vomitar ali dentro e comecei a sufocar e nao ia engolir aquilo de novo -eca- e o vômito começou a sair pelo meu nariz e eu tive que fazer gestos pra ela parar o carro. Não ria. Foi nojento e horrível e vergonhoso e ainda posso sentir aquele feeling, como diria a Min.

Por isso a gente acabou me deixou assim, com palavras na boca que nao quero que saiam nem quero engolir, e elas ficam querendo pular pelo meu nariz, mas ja estao tao destroçadas que mesmo que saiam nao vou saber reconhece-las.

Vou mudar de metáfora que esta ja está me enjoando. Não foi meio o que eu senti quando li Paper Towns... Paper Towns parece querer fazer com que você se identifique com o Q, e sua mania de enxergar a si mesmo quando olha pros outros e essa obsessão por momentos incriveis e aventuras que ele acha serem os desejos da Margo, mas que no fundo são seus próprios desejos, como a realização que ele sente em sair em sua aventura no dia da formatura. Como o Gus e seus sanduíches horríveis com ressonancias metafóricas.

E eu geralmente me identifico com esse cara que acerta e erra e de quem vc conhece os pensamentos mais intimos (por cara eu quero dizer meninos e meninas... pode ser a fingidora Isabel de A Marca de uma lagrima, pode ser o Harry ). Mas não em Paper Towns.

Ali eu me senti mais Margo, que todos imaginam ser alguem incrivel mas que nao consegue nem saber quem é, que não quer aquela atenção desatenta, que ve sempre a si mesmo e nunca a ela, mas que também não é capaz de se deixar perceber direito as coisas ao seu redor. Sou mais Margo que Min, bem mais, mas ainda estou com aquela sensação esquisita de não ser nenhuma das duas. De na verdade não ser ninguém. Nem a personagem na mente de um autor eu acho mais que sou - aquela que varias vezes fantasiou ser Hilde de um Josteein Gaarner da vida.

Talvez eu não ache de verdade que não sou ninguém. Eu devo ser um alguém. In fact, quase todo mundo o é. Só acho que o alguém que eu sou ta meio perdido por ai, vagando e fugindo de mim... Sombra do Peter Pan sem alguém que a costure de volta.

E eu voando de janela em janela, de livro em livro, tentanto encontrar um encaixe perfeito que faça sombra em mim.

Chega de devaneios por hoje.